Quando Deus parece distante


Ele se escondeu do seu povo, mas eu confio nele e nele ponho a minha esperança. Isaías 8.17

Deus é real, a despeito de como você se sinta.

É fácil adorar a Deus quando as coisas vão bem — quando ele provê comida, amigos, família, saúde e situações felizes. Mas as circunstâncias não são sempre agradáveis. E como então você irá adorar a Deus? O que você faz quando Deus parece estar a milhões de quilômetros?

A mais profunda adoração é louvar a Deus a despeito da dor, dar graças durante a provação, manter a confiança nele em meio à tentação, render-se a ele durante um sofrimento e amá-lo quando ele parece distante. Para amadurecer a amizade, Deus irá testá-la com períodos de aparente separação — épocas em que se tem o sentimento de que Deus nos abandonou ou esqueceu.

Tem-se a impressão de que Deus está a quilômetros de distância. João da Cruz se referiu a esses dias de seca espiritual, dúvida e distanciamento de Deus como “a noite escura da alma”. Henri Nouwen chamou-os de “o ministério da ausência”. A. W. Tozer chamou-os de “o ministério da noite”. Outros o mencionam como “o inverno do coração”.

Diga a Deus exatamente como você se sente. Derrame seu coração perante ele. Descarregue todos os seus sentimentos. Jó fez isso quando disse: Por isso, não posso ficar calado. Estou aflito, tenho de falar, preciso me queixar, pois o meu coração está cheio de amargura. Quando Deus lhe pareceu distante, ele clamou: Como tenho sau¬dade dos dias do meu vigor, quando a amizade de Deus abençoava a minha casa. Deus pode lidar com suas incertezas, sua raiva, seu sofrimento, sua confusão e suas indagações.

Você sabia que admitir seu desespero para Deus pode ser uma declaração de fé? Confiando em Deus e sentindo desespero ao mes¬mo tempo, Davi escreveu: Cri, por isso falei: Estou completamente arruinado. Isto parece uma contradição: confiar em Deus, mas se sentir destruído! A franqueza de Davi na verdade revela uma profunda fé. Primeiro, ele acreditava em Deus. Segundo, ele acreditava que Deus ouviria sua oração. E, terceiro, ele acreditava que Deus o deixaria dizer como se sentia, e ainda assim o amaria.

Confie que Deus cumprirá as promessas. Em tempos de seca espiritual, você deve confiar pacientemente nas promessas de Deus, e não nas emoções. Deve perceber que ele o está levando a um nível mais profundo de maturidade. Uma amizade baseada em emoções é na verdade frívola.

Então, não fique preocupado com os problemas. As circunstânci¬as não podem mudar o caráter de Deus. A graça de Deus ainda está a plena força; ele ainda é a seu favor, mesmo que você não possa senti-lo. Na ausência de circunstâncias confirmativas, Jó se apegou à Palavra de Deus. Ele disse: Não me afastei dos mandamentos dos seus lábios; dei mais valor às palavras de sua boca do que ao meu pão de cada dia.

Essa confiança na palavra de Deus fez que Jó permanecesse fiel, ainda que nada fizesse sentido. Sua fé foi forte em meio à dor: Embora ele me mate, ainda assim esperarei nele.

Quando você se sente abandonado por Deus e mesmo assim man¬tém sua confiança nele, a despeito de seus sentimentos, você o está adorando da forma mais profunda.

Lembre-se do que Deus já fez por você. Se Deus nunca tivesse feito nada mais por você, ele ainda mereceria seu louvor ininterrupto pelo resto de sua vida, por causa do que Jesus fez por você na cruz. O Filho de Deus morreu por você! Este é o maior de todos os motivos para adorar.

Infelizmente, esquecemos os detalhes cruéis do torturante sacrifício que Deus fez a nosso favor. A familiaridade traz a complacência. Mesmo antes de sua crucificação, o Filho de Deus foi desnudado, espancado até ficar quase irreconhecível, açoitado, ridicularizado e escarnecido, coroado com espinhos e cuspido de fora humilhante. Ultrajado e ridicularizado por homens desalmados, ele foi tratado pior do que um animal.

Então, quase inconsciente pela perda de sangue, ele foi forçado a arrastar uma cruz colina acima, foi pregado nela e deixado para morrer com a lenta e excruciante tortura da morte por crucificação. Enquanto seu sangue escorria, escarnecedores ficavam ao seu redor e gritavam insultos, desafiando sua afirmação de que era Deus.

Em seguida, como Jesus assumiu em si mesmo a culpa pelos pecados de toda a humanidade, Deus desviou os olhos daquela horrível visão, e Jesus gritou em total desespero: “Meu Deus! Meu Deus! Por que me abandonaste?”. Jesus poderia ter se salvado — mas então não poderia salvar você.

Palavras não podem descrever as trevas daquele momento. Por que Deus permitiu e suportou tão medonho e perverso ato de crueldade? Por quê? Para que você pudesse ser poupado da eternidade no inferno e para que você pudesse partilhar de sua glória para sempre! A Bíblia diz: Em Cristo não havia pecado. Mas Deus colocou sobre Cristo a culpa dos nossos pecados para que nós, em união com ele, vivamos de acordo com a vontade de Deus.

Jesus desistiu de todas as coisas para que você pudesse ter todas as coisas. Ele morreu para que você pudesse viver para sempre. Somente isso já vale seu agradecimento e louvor contínuo. Você nunca mais deveria se perguntar por que motivo deveria ser grato.

Fonte: Livro Uma vida com propósitos pág.. 95 (parte)– Autor: Rick Warren
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